sábado, 13 de março de 2010

Melão é uma fruta educada

Sempre que penso em melão penso em ingleses. Não que ingleses sejam amarelos. Ingleses SÃO ingleses. John Cleese em Silly Walk, mas sem o andar esquisito. Melão se come ordenado, cortando, fazendo cubos, tirando lascas, envolvido ternamente em presunto e deitado em berço explêndido de uma bandeja de prata. Melão se pede, que nem o Dom Lázaro. Há até os que fazem bolinhas aristocráticas do melão. Os caroços são cirurgicamente depilados para uma apresentação limpa, com colher ou mesmo uma faca. Aliás, melões em geral são comidos em um bom brunch com talheres, mas a etiqueta diz que até pode-se comer com as mãos. Pede-se a fineza de não levantar o dedinho em um ângulo de mais de 90º.

A manga é caldalosa, fiapenta, suculenta, viscosa. Come-se com as mãos, chupando, mordendo, deleitando-se em seus sucos, escorrendo caldo pelos braços, com vontade. Mas sem pressa. Tem que ter jeito pra comer uma manga e não voltar pra casa com a camisa imprestável. Manga é a forma que a natureza nos mostrou como proceder no sexo oral. Meninas, confesso, tudo o que sei é, em algum grau, graças as mangas que chupei. Manga é selvagem. Manga se deseja. E assim como as mulheres vem em vários tamanhos. Manga Espada. Cortante, ácida, pequena notável de doma difícil, paladar em assalto. Manga Rosa. Jorge Tadeu já sabia. Lasciva, do tamanho da sua fome e de casca sempre cheirosa. As papilas dão o grau da excitação, túrgidas dentro da boca, resvalando nos dentes, quando a pecaminosa fruta passa deitando seus sucos e seus cheiros no alto de seu pé frondoso.

Manga é uma fruta devassa.

Um comentário:

Ariane disse...

a jaca também é quase sexual.